domingo, 26 de dezembro de 2021

Universos

 ...As vezes ficava tentando entender como seriam os alicerces do universo. Olhava horas para a Lua e a percebia cinza, vazia e solitária. A todo momento surgia um misto de sentimentos em relação ao que existe além dela...

Mesmo que eu soubesse que a Lua não era apenas um satélite que embelezava ou entristecia a noite de corações, sempre quando a olhava pensava primeiramente em sua beleza e seus mistérios. Ela é quase que um escudo para a Terra contra colisão com asteróides, meteoros, cometas...

Também influencia as marés, a agricultura entre outras atividades importantes, eu sabia que havia muito mais respostas além da bela e solitária vagante noturna.

Mas indo um pouco mais além eu pensava sempre como e porquê estava lá...

E com o passar dos anos a tecnologia evoluia no sentido oposto do trivial, do conforto de acreditar apenas em uma verdade para não nos sentirmos "abandonados" por um suposto criador ou até por nós mesmos.

Todos buscavam algo para que se justificasse a glória e a virtude de alguns, especialmente de si mesmo e o fracasso e a miséria de outros que certamente deveriam cumprir a missão de não serem privilegiados pelo suposto "Deus do Céu".

O mundo girava ciclicamente em torno da sua estrela e em torno de si mesmo e, ao fazer uma analogia da sociedade ao que acontece com o sistema solar, percebia se que a sociedade cada vez mais disseminava a necessidade das pessoas girarem somente em torno de si mesmas. As relações sociais dividiam cada vez mais a sociedade em grupos polarizados pelo ódio, pela ganância e que em uma soma geral, resultava numa gigantesca polarização. E certezas era o que menos se via nessa dança dos cardumes...

Muitos tinham a certeza, mas essa certeza nunca se traduzia em realidade.

Muitos faziam da realidade uma  poesia para justificar estar em um grupo que lhe era vantajoso estar, mesmo que essa poesia fosse apreciar uma história marcada por sangue, ódio, escravidão e egoísmo.

Esses grupos polarizados, com seus ideais distintos, oscilavam na "pole position" da corrida para manipular as grandes massas de pessoas manipuláveis, carentes de uma crença, de uma esperança. E as ferramentas principais era a moda, a religião e a política.

Em uma análise mais profunda, se percebia que estes grupos de pessoas, não importava a classe ou religião, manipuladores ou  manipulados, só buscavam conforto e a realização de seus anseios...

Eu já estava cansado de flutuar nesses mares revoltosos e sem fim.

Muitas vezes me recusava a aceitar ideias políticas predatórias, me recusava a dar importância para religiões mascaradas e cheias de sangue em sua história, me negava a aceitar até mesmo as condições impostas para ser aceito por uma maioria...

Mas volta e meia lá estava eu vencido, na maioria das vezes obrigado a aceitar a realidade que o ser humano é assim por sua natureza primitiva e predatória. E a vida pra mim não poderia ser uma punição...

E com isso acabava por aceitar e respeitar opiniões, apesar de sempre tentar mostrar a minha própria opinião e me excluir de interagir e debater com a "convicção" das pessoas.

Era triste ver a vida nascendo extraordinariamente  das estrelas e se transformando em algo tão trivial como a vida terrestre estava se tornando.

E as estrelas nasciam e morriam a todo momento no universo, se descobriam milhares de planetas orbitando a zona habitável de estrelas semelhates ao nosso sol, haviam bilhões de estrelas na nossa galáxia, bilhões de galáxias...

E todos os dias a sensação de sermos um grão de areia perdidos nos limites da via láctea me fazia pensar somente em aproveitar a oportunidade de estar aqui. Eu pensava apenas em viver a oportunidade que as estrelas haviam me proporcionado de poder conhecer outro pedacinho de estrela que veio do céu infinito. Agradecia todos os dias por ter tido a chance de conhecer a outra parte que completava minha alma dentro da imensidão do cosmos...

E com isso, comecei a pensar apenas em aproveitar cada segundo das coisas boas da vida, de modo que fosse infinito como o universo, como se fossem os últimos segundos da minha passagem pela terra dos oceanos e do céu azul... Mas nunca negando a ciência e o que realmente eu era e pensava.

Muitas vezes é preciso um adormecer profundo para um despertar pleno...






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